Julia Bonisson


Talvez um dia eu case e possa me arrepender, mas não antes de experimentar o mesmo cobertor, numa cama que eu possa chamar de nossa. Porque arrependimento pode também não haver. Com passos firmes eu entrarei, quem sabe, em uma editora, num jornal e pedirei que consigam um emprego bacana pra mim, correndo o risco de ouvir um não, seguido de outro, mas que um dia se tornará em sim. Pintarei o cabelo de chocolate, loiro mel, ameixa, mesmo correndo o risco de detestar a cor. Mas não pintar, nunca vai me dá a lembrança da experiência. Quando eu sair do teto da minha casa maternal, que eu sinta saudades, mesmo jurando de pés juntos hoje que nunca vou sentir. Tomarei um porre de frente pro mar pra acabar com essa ideia louca de que isso é cool, ou pra ter certeza que é realmente cool. Vou pintar as paredes de rosa, e enjoar, querendo logo depois um azul anil, um violeta. Escolherei ter mais paciência em setembro, mais disciplina, mais responsabilidade. Em outubro, vou escolher ter menos paciência que muitas vezes imobiliza, menos disciplina que amorna a vida e menos responsabilidade pra não ter cara chata. 


Xoxo, Julia Bonisson. 

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